segunda-feira, 9 de maio de 2011

Limite de Paciência

O que não mais aturo é filme chato. “O Pecado de Hadewijch” é tão chato que pedi penico ao acelerador de DVD. Dirigido por Bruno Dumont conta o problema de uma jovem candidata a noviça que revela uma paixão doentia por Deus, sendo aconselhada pelas freiras a voltar ao mundo exterior e só procurar o convento quando maturar suas idéias .
Logo no inicio do filme vê-se um bandido preso. A jovem Hadewijch conhece um muçulmano emigrante na Paris deste século, mas não se une a ele nem se prostitui. Sem se curar da obsessão religiosa tenta se matar afogada. É salva pelo bandido dos primeiros momentos da história.
Dumont ganhou duas vezes o Prêmio do Juri em Cannes repetindo o feito de Andrei Tarkovski. Não me lembro de outro filme dele. Tarkovski fazia cinema lento, reflexivo, mas deixava subsidio para uma avaliação. Aqui eu não achei que se tratasse de uma forma de delírio religioso ou de critica social ou de analise psicológica com base numa repressão que adentra um estudo clinico, provavelmente uma disfunção hormonal. Mas nada é analisado. A máscara da atriz Julie Sakolowski diz que ela está em crise emotiva. Podia servir para se observar a forma delirante advinda de um apego extremo à religiosidade. Eu já observei casos de pessoas que entraram no tipo de crise (ou doença). Mas o filme não avança em nada e para cada seqüência de poucos planos o diretor gasta quilômetros de celulóide.
Também sai no mesmo caminho o brasileiro “Insolação” de Felipe Hirsch e Daniela Thomas. A idéia é usar de grandes planos para mostrar a solidão de pessoas numa Brasília anti-turistica. Para isso há um apresentador vivido por Paulo José que praticamente diz do objetivo do filme. Lembrei de alguns trabalhos de Antonioni onde Monica Vittin andava, andava, andava, gastava sola de sapato para dizer que se sentia só ou diminuída num mundo onde se massifica ou “coisifica” as pessoas. Saco. Cinema é cinemática, é movimento. A estática, outro ramo físico, é o reverso. Seria, então, um anti-cinema como existe a anti-matéria. Mas se sabe que uma partícula de anti-matéria em contato com a matéria provoca uma grande explosão. E o sado de um pósitron é visto como filho dessa fornalha. Eu pelo menos, na qualidade de espectador freqüente de cinema, ganho uma posição diferente: durmo. Morfeu é meu critico predileto. Que me perdoem os que pensam o contrário. Há gosto pra tudo. Ou paciência que me lembra desatar nó cego ou enfrentar engarrafamento de transito.

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