terça-feira, 17 de julho de 2012

Em Roma com Woody Allen

Doido por cinema (como eu), Woody Allen às vezes é inspirado por filmes. E pode ser inadvertidamente. Neste “Para Roma,com Amor” ele pinça um desenho de Tom&Jerry onde um protagonista só canta no chuveiro e por isso ganha espaço, com chuveiro e tudo, num palco de teatro. A história do cantor molhado é uma das quatro que o diretor-roteirista-ator usa nessa homenagem à capital italiana na linha de similares que realizou pela Europa ultimamente (Inglaterra,Espanha e França a conferir). Como todo filme em episódio, ou “de episódios”, “Para Roma...” tem altos e baixos. Os altos são declaradamente cômicos: como o de Allen, voltando a atuar de seu jeito como um aposentado descobridor de talentos vocais na área do canto lírico que acha “um novo Caruso”no futuro genro. O outro estratoférico é de Roberto Benigni. O comediante de “A Vida é Bela”, quase sempre um chato, cai bem no papel de um eleito da mídia (seria “o italiano padrão”) que acha um inferno o cerco dos paparazzi, mas quando deixa de ser estrela fica implorando por eles. Os romances, ou melhor, as cornadas, são frouxas. E alguns atores se perdem como Alec Baldwin, deixando o caminho livre na área para Penelope Cruz de prostituta trajando um vestido vermelho colante. Os dois romances enxertados na trajetória romana lembram de longe alguma coisa de Dino Risi. Mas neste caso nada melhor do que italiano falando (ou filmando) de italiano. E Allen deve ter visto muitas comédias não só de Risi como de Mario Monicelli, Steno ou o Pietro Germi de “Divórcio à Italiana”. “Para Roma com Amor” só vem a provar que um filme menor de Woody Allen é bem melhor do que a média de comédias exibidas nas telonas ultimamente.

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