sexta-feira, 27 de julho de 2012

Heleno

Não sou muito ligado a futebol, mas quando eu era criança ouvia falar de Heleno de Freitas, de sua teimosia, de como ia brigar com o juiz por causa do tempo da partida exibindo o relógio de pulso que levava consigo em todos os jogos do Botafogo. O filme “Heleno” não diz como surgiu o craque. Pega-o já no auge, ídolo de um clube que tinha como maior gloria o hino composto por Lamartine Babo que a gente cantava “...campeão de 1910” e o botafoguense corrigia rápido: “...campeão DESDE 1910”. O que me impressionou no trabalho do cineasta José Henrique Fonseca,premiado por “O Homem do Ano”em 2003, é o esforço monumental do ator(e produtor) Rodrigo Santoro. Parecendo fisicamente com o biografado Santoro dá uma aula de expressão corporal e deixa a imagem do homem doente, do sifilítico, entregue à uma solidão sem saída. Um dos melhores desempenhos de ator no cinema nacional que eu me lembre. Mas o que me impressiona mesmo é como “Heleno” não chegou aos cinemas locais. Rodado em preto e branco deve ter caído na malha do preconceito que paira sobre a ausência de um elemento comercial estável (a cor). Só pode ser. E a pensar que os cinemas são obrigados a exibir filmes nacionais e cumprem a obrigatoriedade com a safra da neo-pornochanchada é triste. Registro meu protesto. E aproveito para registrar também a retirada brusca de “Para Roma Com Amor” só suavizada agora com a “rentrée”no Cine Libero Luxardo. Parece que estamos mesmo num esquema de radicalização de bloquebostas. E se ir a cinema já é (pelo menos para mim) sacrifício (com o DVD dando sopa em casa) a dieta de abacaxi é simplesmente indigesta.

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