segunda-feira, 16 de julho de 2012

A Longa Viagen sen Rumo

“Na Estrada”(On the Road/EUA,2012)é baseado no livro de Jack Kerouac, um retrato da geração “beat” que eu na minha ignorância não sabia que era tão velha (a ação se passa em 1948). Interessante, de entrada, a aparência com “Na Natureza Selvagem”(Into the Wild) escrito em 1990 por Jon Krakauer e filmado por Sean Penn em 2007.A diferença é que o herói de Krakauer não anda em farras homéricas nem é fã de drogas. Tampouco se une a amigos. Quer viver só no Alaska, “far from this madding crowd”. Os rapazes de “On the Road” vivem mergulhados no insensato mundo. Drogam-se, fazem sexo à vontade, não são de visitar regularmente papai e mamãe. O que desejam da vida esgota-se rápido como diz um deles que tenta o suicídio. O mais evidente na história, ou o alter-ego do escritor, vai passando para o papel o que pensa ou sente e o que faz – menos do que “o que quer fazer”. A estrada, portanto, é o caminho para longe do “nada” na direção de “coisa nenhuma”. Uma Shangri-la perdida na memória esgotada pelos prazeres imediatos. Mas o que se pode contar. O filme de Walter Salles tenta ir fundo nos tipos descritos pelo escritor em 1957. Como é uma cultura norte-americana e a geografia é desse país não sei como o brasileiro foi surfar nessa onda peculiar comprada por Francis Coppola nos anos 70 e sem ter quem a levasse às telas desde então. Não é bem sexo, mentira s e videotape a lembrar o titulo do filme de Steven Soderbergh. É uma lenta narrativa sobre o vazio de pessoas ainda com um potencial de vida expressivo. Seria um documento de que o excesso leva ao tédio. Coisa que se sabe de cor e salteado. E filmar o tédio dificilmente se faz sem se contaminar. A mim, “Na Estrada” foi um saco. Consultei o relógio n vezes durante a projeção. Foram mais de duas horas de minha vida perdidas no pântano forçado dessa sociedade de um tempo. Dizer que o filme foi mal feito é mentir. Mas que adianta a estética do vazio? Sei que há quem goste. Antonioni fez carreira sobre isso, mas com uma classe peculiar. Gassman em “Il Sorpasso” de Dino Risi brincava: “-Vi “O Eclipse” de Antonioni: dormi o tempo todo”. Piada de mau gosto. Os vittelonis de “On The Road” chateiam sem reprisar muitas vezes seus planos. Não precisam disso. Apenas se deixam em rotina enfadonha por mais de duas horas de cinema. Eu não durmo em filme numa sala de projeção. Durmo vendo DVD à noite. Mas implorei a Morfeu que me atingisse. Ele também achou que estava perdendo tempo. Sim, já perdi a paciência para com certo tipo de cinema. Abraço o slogan da Imovision (“leve para casa o filme que você gosta”). Eu levo, mas na cabeça, o que me tocou. E esqueço rápido o não. Recurso terapêutico fisiológico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário