terça-feira, 7 de maio de 2013

Nuvem 9

Os velhos também transam. O titulo poderia ser imaginado por aquele “tradutor” que botou “Os Brutos Também Amam” em “Shane”. Mas no caso de “Nuvem 9”, filme alemão da safra de 2008, ele procede. Uma senhora saindo da casa dos 60 deixa seu marido beirando a de 80 por um freguês de suas costuras com a idade aproximada de 70. A tal senhora chega a se olhar no espelho e, com senso critico observar o desgaste que o tempo fez no seu corpo. Mas a sensibilidade baixa ainda propicia orgasmo. E ela parece que não sente, ou se sente é pouco, no desgastado marido. O sabor de uma aventura também serve para sair da rotina. O filme dirigido e escrito por Andreas Dresen é pungente. Não pelo fato de se ver as pessoas enrugadas e pesadas se rolando numa cama ou mesmo desnudas na frente da objetiva. É assim porque mostra a separação de quem pensa estar unido como disse na hora de casar “até que a morte separe”. E no caso de criaturas que já estão perto da morte. Nunca no cinema o sexo quase “hardcore”, ou explicito, deixa tanta impressão no espectador. Não é pela ousadia, mas pela constatação do desgaste que se vê nos corpos. E como a mulher do enfoque pretende esquecer esse desgaste já que o outro a aceita, e uma aceitação fora de casa parece uma gloria de quem não concebe envelhecer. Desde “Amor” eu não via um filme tão denso. E se parece com o trabalho de Michael Hanek, Oscar de filme estrangeiro este ano. Até nos enquadramentos, deixando os objetos e a sala vazia pontuar o vazio das vidas focalizadas. É duro mas extremamente real.

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