Há filmes morfeuticos. Não é morfético é morfeutico, de
Morfeu. Dão sono. E tanto que deviam ser receitados no lugar dos ansiolíticos que
viciam. Esta semana eu vi um desses “remédios”: “Jauja” filme argentino de
Lisandro Alonso. Foi feito na Dinamarca e ganhou o premio “Um Certain Regard”de
Cannes. Tudo um homem em busca da filha no deserto da região(creio dinamarquesa).
Planos fixos intercalam-se na media de 2 minutos cada um. E muitos abertos,
evidenciando a paisagem como forma de
dizer da solidão e distancia que se faz nas (ou entre as)personagens.
Morfeuticos são muitos filmes clássicos. No “Deserto
Vermelho”de Antonioni a atriz Monica Vitti anda metros e metros acompanhada da câmera
sem dizer para onde vai ou se o seu destino interessa a quem vê o filme (quer
dizer, apenas, incomunicabilidade). Haja saco. E Godard é mestre nisso. Seus
filmes são ágeis é verdade mas não dizem a que vieram. São imagens soltas como
se estivessem ali na hora, sem artificio de quem quis que ela dissessem alguma
coisa.
Hamlet dizia “dormir, talvez sonhar”. Quem passa a sonhar
com os morfeuticos está de parabéns. Mas eles deixam a gente em REM, aquele
sono pesado que não deixa lembrança. OK, terapêutica. Usem se acham necessária.
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