Vicente Cecim dirigiu um vídeo para a
Unama sobre a minha cinemania. Chamou de “Lanterna Mágica”. Numa cena eu estou em
Mosqueiro, na praia (do Farol) ,sentado em uma cadeira de pano, fazendo
palavras cruzadas ou simplesmente contemplando o horizonte.
Penso em julho quando não vou à
ilha tão perto da cidade (e na verdade um subúrbio pois é parte de Belém).
Antes eu ia, com meus pais. Era o tempo de se pegar navio para chegar até lá. Havia
paz. Quando estou só, na praia, admiro a paisagem e penso em como pessoas
desperdiçam a beleza natural entre copos de bebida alcoólica nas terríveis barracas
edificadas na orla ou derramam conversa fiada sem olhar para o lado ou quadro
em que se nota o capricho da natureza.
Hoje busco o meu recanto que não
é parte de lanterna, mas é mágico, no meio das semanas normais (ou “uteis”)
.Aposentado, posso fazer isso. E seria bobagem perder a chance.
Nas férias oficiais eu fico com o
meu cinema caseiro exposto na TV que abriga meus DVDs e Blurays. Entre muitos
filmes novos abro espaço para o passado e vejo ou revejo coisas que me
impressionam na arte das imagens em movimento - pois é uma forma de vencer a
morte mostrando pessoas que já se foram e aspectos culturais que desbotaram.
Minhas “férias”(cabem as
aspas),portanto, são em prisão domiciliar voluntária. Pago pelo crime de ser sensível
às maquinações da memória e, sobretudo, a magia de um tipo de silencio.
Ah sim: abomino os filmes chatos.
Respondo-os com o sono. Também não vejo as besteiradas que passam pelos cinemas
comerciais. Estas nem sono atiçam.
“Voila” meus julhos. Deste
século.
Nenhum comentário:
Postar um comentário