terça-feira, 7 de julho de 2015

Minhas Férias


               Vicente Cecim dirigiu um vídeo para a Unama sobre a minha cinemania. Chamou de “Lanterna Mágica”. Numa cena eu estou em Mosqueiro, na praia (do Farol) ,sentado em uma cadeira de pano, fazendo palavras cruzadas ou simplesmente contemplando o horizonte.

               Penso em julho quando não vou à ilha tão perto da cidade (e na verdade um subúrbio pois é parte de Belém). Antes eu ia, com meus pais. Era o tempo de se pegar navio para chegar até lá. Havia paz. Quando estou só, na praia, admiro a paisagem e penso em como pessoas desperdiçam a beleza natural entre copos de bebida alcoólica nas terríveis barracas edificadas na orla ou derramam conversa fiada sem olhar para o lado ou quadro em que se nota o capricho da natureza.

               Hoje busco o meu recanto que não é parte de lanterna, mas é mágico, no meio das semanas normais (ou “uteis”) .Aposentado, posso fazer isso. E seria bobagem perder a chance.

               Nas férias oficiais eu fico com o meu cinema caseiro exposto na TV que abriga meus DVDs e Blurays. Entre muitos filmes novos abro espaço para o passado e vejo ou revejo coisas que me impressionam na arte das imagens em movimento - pois é uma forma de vencer a morte mostrando pessoas que já se foram e aspectos culturais que desbotaram.

               Minhas “férias”(cabem as aspas),portanto, são em prisão domiciliar voluntária. Pago pelo crime de ser sensível às maquinações da memória e, sobretudo, a magia de um tipo de silencio.

               Ah sim: abomino os filmes chatos. Respondo-os com o sono. Também não vejo as besteiradas que passam pelos cinemas comerciais. Estas nem sono atiçam.

               “Voila” meus julhos. Deste século.

              

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