“Ponte
de Espiões”(Bidge of Spies) tinha que prestar. Os roteiristas são os hábeis irmãos
Coen mais Matt Charman que andou se fazendo de ghost no “2012”de Roland
Emmerich. E a direção de Steven Spielberg implicou num recurso de produção de quem
pode ter isso e o manejo de um elenco de tirar o chapéu. Tiro o meu
especialmente para o inglês Mark Rylance que faz o “Coronel”Abel. Merece o
Oscar de coadjuvante.
O filme
narra a historia do advogado James Donovan(Tom Hanks) que teria sido designado
para defender um espião russo flagrado durante a “guerra fria’ logo depois dos Rosemberg terem morrido por isso. A
tarefa é potencialmente inglória mas Donovan consegue livrar o homem da pena de
morte. Nesse tempo um aviador americano sobrevoa a Alemanha Oriental com
material de espionagem no aparelho. É abatido e cai no território ligado a
URSS. Surge então a chance de trocar espiões: Abel pelo jovem piloto. E para a
tarefa é escalado Donovan, que aproveita a chance de libertar também um jovem universitário
preso por demonstrar-se contra o regime dominante nesse pedaço de Berlim.
O filme
se divide em dois momentos: nos EUA, com o processo de defesa do espião soviético,
e na Alemanha do Este quando se faz a
troca de espiões. Nesse ultimo espaço a direção de arte recria a Berlim semidestruída
que então construía um muro para separa-la da
parte ocidental. A fotografia de Janusz Kaminski dimensiona bem o
território. Impressionante como se montou no set uma cidade de um tempo. Nos dois momentos funciona uma linguagem
direta, sem atropelos de flashbacks, seguindo uma linha documental posto que o
fato realmente aconteceu.
Não há nada
que sobressaia de um conjunto harmônico. Mas até por isso o filme é bom.
Spielberg não faz cinema para minorias intelectuais. E para não dizer que em
filme sobre advogados fez excesso de falas há um introito quase sem palavras
quando a câmera segue Abel pelas ruas até seu modesto apartamento onde ele
começa a abrir as mensagens disponíveis para seu serviço e o FBI chega para
prendê-lo.
São 141
minutos de projeção.Não deixa cansaço. E mostra Tom Hanks sem a mascara de
quando foi o “naufrago” de Robert Zemeckis ou ainda mais atrás no tempo do
sujeito que “queria ser grande”. O tempo é inclemente e até por isso o ator
está bem.
Valeu.
Pedro,
ResponderExcluirGostei bastante da Ponte dos Espiões. Penso que Spielberg volta a acertar no primeiro ato, faz um bom segundo ato e peca pelo sentimentalismo barato do terceiro ato.
É preciso dizer que certos exageros de Spielberg incomodam qualquer cinéfilo mais atento, por exemplo, a cena no vagão do trem. Nela, não basta apenas alguns olharem para Donavan, é preciso que todo o trem olhe para ele, o que convenhamos soa um exagero desnecessário (a mesma coisa vale para o final).
Agora, não há como negar a qualidade do filme. A construção de Berlim parcialmente destruída, os enquadramentos emparedados nos diálogos entre Donovan e Abel, a cena inicial da perseguição a Abel e a bela rima visual ao final dentro do metrô (os meninos atravessando as cercas, remetendo ao muro de Berlim).
Também destaca-se a ousadia de colocar os estadunidenses (mundialmente vendidos como defensores da liberdade e dos direitos constitucionais) como pessoas "vingativas" diante de um inimigo calmo e inteligente.
Antes de terminar, é preciso destacar o roteiro dos irmãos Cohen que sabem propor graça em momentos críticos.
Sem sombra de dúvidas um bom filme e, como disseste, apesar de longo nada cansativo.
Abraços!
Carlos Lira