sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Os 33


              
Cena de "Os 33" contando a  saga dos mineiros chilenos soterrados. 

              O caso dos 33 mineiros que ficaram soterrados por dois meses quando trabalhavam na mina Copiapó no deserto de Atacama (Chile) foi noticia por meses na mídia internacional. Conta-se que até uma sonda da Petrobrás ajudou na retirada dos homens, época em que  já se tinham esgotados os mantimentos de emergência e as baterias das lanternas dos capacetes começavam a falhar condenando-os à uma escuridão que certamente selaria a sentença de morte. O caso gerou um livro de Hector Tobar e para o cinema uma corrida pelos direitos desse livro foi ganha pela Fox que exigiu falas em inglês e enxertou, no roteiro, cenas que seriam divertidas, “aliviando” o suspense que o fato gerou, mesmo que os espectadores já tenham conhecimento de como a historia acabou.

               A luta pela filmagem, repassada em parte para a Warner, gerou um roteiro bem hiollywoodiano a cargo de Mikko Alane, Craig Borten, José Rivera e Michael Thomas. Como ficou o filme lembra um pouco(e isso é elogio) “A Montanha dos 7 Abutres”(The Big Carnival) de Billy Wilder, aquele em que Kirk Douglas, como um repórter ambicioso faz para render sua matéria sobre um rapaz enterrado numa montanha quando pesquisava um cemitério indígena, a opção pelo uso de perfuradoras a patir do topo para a base onde está o personagem, ao invés de forrar as paredes de um túnel e chegar a ele (medida bem mais fácil de contornar do que o que aconteceu aos mineiros chilenos). Neste caso a medida não deu certo. Mas no drama dos 33 não havia outra solução exceto furar blocos de pedra de cima para baixo. E muitas perfuradoras quebraram e outras erraram o alvo.

               Para não ficar os 120 minutos de projeção restritos ao grupo que lutava pela vida o filme focaliza o relacionamento familiar de alguns deles, exibindo situações que provocam riso da plateia como mulher e amante de um sobrevivente se irmanando a torcida pelo mesmo homem, e, na caverna, o grupo contando situações que conseguem trazer gargalhadas. Custa-se a crer que esses homens tenham mantido humor na beira da morte.

               Mas há clima. A direção de arte partiu da locação em Nemocón, na Colombia e com uma iluminação a contento e câmera manual o tempo todo conseguiu dimensionar o espaço exíguo onde tanta gente viveu por tanto tempo.  O quadro é tão forte que eclipsa papéis avulsos como o do líder do grupo, protagonizado por Antonio Banderas, ou de um colega que dizia ter brigado com a irmã (papel minúsculo de Juliette Binoche) .Dá para se ver o filme, dirigido pela mexicana Patricia Riggen, sem cochilar. E realmente não é fácil tratar de unidade de lugar por muito tempo com um final previsível.

               “33” tem o brasileiro Rodrigo Santoro como o ministro chileno que não esmorece e no fim das contas é quem salva a turma enterrada(quando se pensava em óbito). E tem Gabriel Bryne, veterano que cuida das perfuratrizes e quase desiste da empreitada. Eles convencem.

              

Um comentário:

  1. Pedro,

    Achei o filme apenas regular, em que pese o esforço dos atores.

    Pareceu-me que a indefinição pesou na hora de fazer o filme, pois não sabemos se estamos diante de um filme catástrofe, uma aventura ou de um drama.

    Penso que ficaria muito mais interessante se o foco do filme fosse apenas os mineiros, destacando a vivência e estratégias de sobrevivência empregadas lá (o filme faz isso com superficialidade).

    Mas aí é questão de escolha...

    Abraços!

    Carlos Lita

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