segunda-feira, 25 de julho de 2016

O Deus de Ouro

                Remexendo minhas velharias encontrei dois rolos de filme 16mm de minha autoria que em principio não posso afirmar o que seja. Como na borda de um carretel está escrito”O Deus de Ouro” penso que se trata do filmado em 1953 que fez grande sucesso na estreia, no meu Cine Bandeirante, um arremedo daquelas sessões de gala hollywoodianas. Explico: boa parte da vizinhança serviu de atores. E gerou um fato muito curioso. O primeiro rolo, de 50 pés, foi de um filme positivo já vencido. Não tinha dinheiro para comprar um novo. Rodei assim mesmo e na revelação surgiram manchas claras sobre as imagens. Na projeção elogiaram os “trovões” que surgiam quando um safari improvisado cortava mata à beira de um igarapé. Fiz um efeito especial involuntário. Também usei de um artificio ensinado pelo amigo Edimburgo Vasques, o Bubú, que pedia que se colocasse uma flecha entre o braço de um “ator” e se filmasse de outro lado. A impressão era de que o personagem havia sido flechado pelos “índios” da historia.
                Uma estatua marajoara que no filme alemão “ Mundo Estranho”(Die Gottin vom Rio Beni/ 1951) de Franz Eichorn era usada como um ídolo sagrado de tribo indígena locada no interior do Amazonas, serviu de base ao enredo. O objeto pertencia ao pai do colega Mario Antonio Martins e as filmagens foram feitas em Ananindeua num sitio de um medico amigo. Gastei 300 pés e houve muita coisa curiosa em meio ás filmagens. Uma delas foi a falta de um figurante, o Agostinho Barros. Para não atrasar o projeto “matou-se” a personagem. Tem um plano dos expedicionários adiante de uma cruz com a identificação do colega.
                “O Deus de Ouro” eu pensei perdido. Se é mesmo uma copia (vou ver), sinto alegria de estar diante de uma brincadeira de cinema que feita em tempo de carnaval levava todos os participantes num carro, muitos na mala, fantasiados de índios, todos cantando alegremente.
                Do elenco já se foram o citado Bubú, Acleu Braga, Raimundo e Julia Souza Cruz. Se o filme ainda existe é uma homenagem a esses amigos.
                Ah sim: eu fazia tudo: argumento (não tinha roteiro), fotografia e edição  (quase sempre na hora da filmagem, ou seja, plano-sequencia). Isso no tempo em que vídeo-tape era ficção cientifica.





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