Remexendo
minhas velharias encontrei dois rolos de filme 16mm de minha autoria que em
principio não posso afirmar o que seja. Como na borda de um carretel está
escrito”O Deus de Ouro” penso que se trata do filmado em 1953 que fez grande
sucesso na estreia, no meu Cine Bandeirante, um arremedo daquelas sessões de
gala hollywoodianas. Explico: boa parte da vizinhança serviu de atores. E gerou
um fato muito curioso. O primeiro rolo, de 50 pés, foi de um filme positivo já
vencido. Não tinha dinheiro para comprar um novo. Rodei assim mesmo e na
revelação surgiram manchas claras sobre as imagens. Na projeção elogiaram os “trovões”
que surgiam quando um safari improvisado cortava mata à beira de um igarapé.
Fiz um efeito especial involuntário. Também usei de um artificio ensinado pelo
amigo Edimburgo Vasques, o Bubú, que pedia que se colocasse uma flecha entre o
braço de um “ator” e se filmasse de outro lado. A impressão era de que o
personagem havia sido flechado pelos “índios” da historia.
Uma
estatua marajoara que no filme alemão “ Mundo Estranho”(Die Gottin vom Rio
Beni/ 1951) de Franz Eichorn era usada como um ídolo sagrado de tribo indígena locada
no interior do Amazonas, serviu de base ao enredo. O objeto pertencia ao pai do
colega Mario Antonio Martins e as filmagens foram feitas em Ananindeua num
sitio de um medico amigo. Gastei 300 pés e houve muita coisa curiosa em meio ás
filmagens. Uma delas foi a falta de um figurante, o Agostinho Barros. Para não atrasar
o projeto “matou-se” a personagem. Tem um plano dos expedicionários adiante de
uma cruz com a identificação do colega.
“O Deus
de Ouro” eu pensei perdido. Se é mesmo uma copia (vou ver), sinto alegria de
estar diante de uma brincadeira de cinema que feita em tempo de carnaval levava
todos os participantes num carro, muitos na mala, fantasiados de índios, todos
cantando alegremente.
Do
elenco já se foram o citado Bubú, Acleu Braga, Raimundo e Julia Souza Cruz. Se
o filme ainda existe é uma homenagem a esses amigos.
Ah sim:
eu fazia tudo: argumento (não tinha roteiro), fotografia e edição (quase sempre na hora da filmagem, ou seja,
plano-sequencia). Isso no tempo em que vídeo-tape era ficção cientifica.
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