“O
Boulevard do Crime”(Les Enfants du Paradis/1945) é o filme histórico por excelência.
Não só pelo tema, a Paris do século XVIII com tipos que frequentavam o teatro
nas galerias, o “paraíso” como aqui se chamava o espaço no nosso Teatro da Paz,
mas por diversos outros fatores que englobam até a exibição em Belém.
O filme
escrito pelo poeta Jacques Prévert e dirigido por Marcel Carné começou a ser
rodado durante a ocupação alemã. Muitos técnicos eram judeus e trabalharam às
escondidas. Lançado depois da guerra, foi um
grande sucesso e um exemplo de superprodução. Com perto de 3 horas de
projeção ganhou as telas mundiais e chegou até nós lançado no cine Olímpia em
meio de semana (não chegou ao patamar domingueiro que era destinado aos
melodramas, aventuras capa-e-espada e musicais americanos com raríssimas exceções).
Sobre este lançamento eu me lembro de um detalhe: um espectador acostumado com
a métrica de Hollywood estranhou o longa francês e lançou uma pedra na tela. A
marca ficou durante um certo tempo. Eu que ia muito ao Olímpia encontrava
aquele incomodo botão negro no meio do espaço branco e lembrava do que me
contaram sobre o incidente(não sei se
prenderam o autor da façanha).
E “O
Boulevard...” gerou uma das melhores polemicas de críticos locais. No jornal “
A Província do Pará” escreveram Benedito Nunes e Orlando Costa em resposta a
Cauby Cruz que assinava como Adelina Lisboa Coimbra. Na defesa estavam os dois
primeiros e no ataque o ultimo. Foi uma coleção de ironias mordazes e enfim um
aplauso ao bom cinema que desde aquela época era difícil de chegar até aqui. E
por sinal que “O Boulevard..” só ganhou 2 dias no Olímpia, sem escorrer depois
para as outras salas do circuito exibidor.
Entre
pedra e palavras admirei o trabalho de Marcel Carné que no ano 2000 foi
considerado “o filme do século”pelos críticos franceses. Só não atraiu o
pessoal da chamada “nouvelle vague”, que detestava o artesanato de Carné
colocando o cineasta no rol dos “velhos malditos” como Jean Dellanoy e até
mesmo René Clement.
Rever o
filme agora, no mesmo Olimpia(com “y” atualmente) é um brinde ao passado. Como
se estivesse na feira ao lado do teatro o mimico Baptiste (o grande Jean Louis
Barrault) e defendendo o lado romântico a talentosa (e nada bonita)Garance (
Arletty). Foi o melhor de Barrault no cinema, e eu vi “Le Cocu Magnifique”(aqui
“O Magnifico “sem o “Corno”) onde ele deu show de expressão corporal. Nada
porem a comparar com o sofrido Baptiste, a rivalizar com Pierre Brasseur
(Lamaitre) no clássico de Carné & Prévert.
A projeção
promete ser de altíssima qualidade (de um original bluray) e a copia cobre as
quase 3 horas da sessão. Alons nous...
Excelente filme, me lembrou muito a musica João que amava terza..., devido as várias paixões dos persoangens uns pelos outros, embora longo vale a pena ver o desencolvimentos dos persoangens em suas aventuras e desventuras profissionais ou amorosas detalhe o final foge daquele felizes para sempre.
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