“O Batedor de Carteira”(Pickpocket/1959) foi feito depois de
“Um Condenado a Morte Escapou”(Un Condamné à Mort S’Echappé/1958). Marca a
mudança de estilo de Robert Bresson(1901-1999) cineasta que encantou o pessoal
da Nouvelle Vague a ponto de Godard chama-lo de “o cinema francês” como
Dostoiewski seria “a literatura russa’.
Mesmo antes de títulos como “Mouchette” o diretor exibia uma
forma lenta e “per cause” detalhada de seu trabalho. Em “Pickpocket”teve até um
técnico em bater carteiras como auxiliar. São muitos os planos de mãos
adentrando bolsas e bolsos no roteiro de Marcel(Martin LaSalle), um homem
triste, sem horizonte(emprego), distante do amor de Jeanne(Marika Green) e
mesmo da mãe moribunda(Dolly Scal). O ato de roubar faz parte de um quadro psicológico,
o único modo de buscar a felicidade(roubando-a).
O filme
só me pareceu vulnerável no acompanhamento da narrativa em primeira pessoa.
Quando Marcel diz que a sua mão tremia lendo um jornal num transporte coletivo
na verdade não se vê isso. E por aí chegam descrições de atos que a imagem tem
a obrigação de traduzir. Também o figurino se exaure no paletó escuro do personagem
que jamais é mudado.Será que Bresson quis dizer que Marcel é imutável como aliás
é a sua expressão de sofrido ?
O final
pode parecer abrupto, mas enxuga um terreno propicio ao melodrama. O espectador
sai do cinema pensando em como ficará a vida do batedor de carteiras depois de
uma temporada na prisão e sabendo que a sua amada é agora mãe. Como em “Um
Condenado...” não importa saber detalhes de um destino. Basta dizer que o do
primeiro filme “escapou”.
Rever
Bresson é sempre salutar. Aliás, muitos jovens espectadores locais desconhecem
a obra do artista. E a ele se deve o espirito da “nouvelle...”, sem jamais
aderir ao malabarismo formal ou ao afastamento das emoções na plateia.
Otimo filme uma pena que o projetor do Olympia estava com defeito no dai que fui, imterrompia a exibição toda hora
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