A ultima personalidade do tipo criado por M. Night Shyamalan
para seu filme “Split”(Fragmentado) chama-se Fera. Encontraria a sua Bela na
jovem Casey que ele sequestra juntamente
com duas colegas dela. Não seria o “príncipe encantado” de Mme Leprince de
Beaumont, como a moça não seria a jovem cândida que pedia ao pai uma rosa. Mas
seria o desencadeador de um processo que tenta se amparar na psicologia,
envereda pelo misticismo e acaba sendo um fecho de charada que nem sempre
funciona a quem se dispõe a decifrar.
Basicamente
o argumento do próprio diretor (assim como o roteiro) enfoca um psicopata com múltiplas
personalidades produto de um trauma na infância. A vitima preferida, digamos
assim, também é uma pessoa violentada no passado. A historia mistura a trama de
muitos filmes sobre sequestradas (os) com alguns casos clínicos de
multipersonalidade a maneira do que se viu no cinema em “As 3 Mascaras de Eva”(Three
Faces of Eve). Neste segundo plano entra absurdos como uma psiquiatra que não
mede o perigo que cerca o relacionamento com um cliente difícil e como ela acha
que pode domar sua ferocidade numa ação tardia (um bilhete em desespero quando
cita como formula de apaziguar a personalidade violenta chamando-a pelo nome de
batismo). Isto sem falar na pouca
profundidade de se medir o caráter de Casey, a mocinha mais evidente do trio
prisioneiro(alguns flashbacks tentam dizer quem é quem e como a Bela enfrentará
a sua Fera).
O filme
sempre é curioso, sempre mantém a atenção, mas se for analisado nas diversas
formas que convida à sua leitura, inclusive a médica, é desastroso. Mas a
verdade é que o objetivo não é discutir psiquiatria nem ir ás ultimas consequências
de um aproveitamento metafórico de uma fabula. É mesmo um exercício de estilo
mui caro ao diretor, um cineasta que ama o cinema instigante, cutucando ideias,
sem necessidade de explicar como as coisas se portam em suas origens.
Shyamalan
pode não ter feito mais filmes do nível de seus dois primeiros (“O Sexto
Sentido” e “Corpo Fechado”), mas não deixa de filmar enredos fantasiosos ou
estranhos à produção comercial padrão. No caso deste novo trabalho louva-se em
especial o trabalho do ator James McAvoy, É um grande esforço suas expressões
corporais ilustrando as diversas personalidades que se lhe atribui. E deve se
ressaltar um final que pode parecer enigmático. Muita gente saiu do cinema
contando epílogos diferentes. Se não é um gol do autor é um tiro na trave.
Nenhum comentário:
Postar um comentário