quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Colina Escarlate


               A Bela casa com uma Fera com pinta de galã (embora exale oportunismo no relacionamento, apostando no golpe do baú) e vai morar numa casa assombrada. Além de ver o espirito de sua mãe logo depois que ela morre a mocinha passa a ver 3 mulheres que o marido e a cunhada mataram para que ele embolsasse uma grana capaz de dar realidade a um projeto industrial.

               “A Colina Escarlate” tem fantasmas feios (como se as almas trouxessem o estado de seus corpos putrefeitos), acordes para assustar quem está cochilando na plateia, mocinha indefesa que se transforma em super-heroína, mocinho de ocasião que é ferido mas ainda assim só falta disputar corrida de obstáculo, e alguma menção do chamado “terror gótico” com uma sequencia em que o pai da garota é assassinado com empurrões de sua cabeça na pia do banheiro literalmente explodindo o crâneo do senhor.

               Guillermo del Toro notabilizou-se por dois filmes de terror: “A Espinha do Diabo” e “O Labirinto do Fauno”. Nos dois deixou uma plasticidade impressionante a partir do design do ambiente e chegando ao jogo de luz e cor. Aqui,em “A Colina...”ela existe, assim como os enquadramentos que evidenciam tipos em situações. Mas o argumento é tão banal que a coisa vira comédia. O final é hilário. Todo mundo sabe que o “ Fera” e sua mana, que também é amante, vão levar a pior.Mas do jeito que levam, com a ação da heroína que se veste de branco(os vilões de vermelho ou preto) e lança olhares cândidos, é mesmo para rir. Eu só não ri mais porque a sala em que vi o filme, no complexo Cinepolis Boulevard, estava tão gelada que mal sentia a ponta do nariz.

               Del Toro procurou fazer um Halloween (o filme de John Carpenter) erudito. Perdeu feio para Roger Corman no seu ciclo baseado em Poe e cometeu o sacrilégio de comparar seu trabalho, em entrevista, ao “Desafio ao Além” de Bob Wise.

               Não é ser toureiro adiante desse touro mas dessa vez ele ficaria melhor podando as arestas de sua trama e se inspirando mais no Jean Marais, o Fera de Cocteau.

Um comentário:

  1. Pedro,

    Tive o prazer de assistir ontem, infelizmente em um horário horroroso, a Colina Escarlate.

    Devo dizer que, aparentemente diferente de você, gostei da Colina Escarlate de Guilherme Del Toro por razões que exporei mais abaixo.

    Entretanto, antes de prosseguir, penso que um dos entraves do filme junto ao espectador esteja na forma como foi vendido. A distribuidora vendeu o filme como terror, quando se trata de um romance gótico com pinceladas de horror, para usar as palavras do próprio diretor em uma rede social.

    Por sinal, ainda sobre esta confusão feita pela distribuidora, é interessante como Del Toro anuncia claramente durante quase todo o filme que se trata de um filme com fantasma e não sobre fantasma.

    Sobre o filme em si, devo dizer que gostei muito do trabalho de arte que foi desenvolvido. O figurino, a composição das cores dos ambientes e, principalmente a mansão, que foi construída exclusivamente para compor o longa-metragem (coisa rara nos filme dos EUA), ajudam a contar a história com fluidez.

    As cores dos figurinos, por exemplo, é muito bem trabalhada no personagem de Edith. Se observarmos atentamente, percebemos que as vestes mudam ou sofrem pequenas alterações no decorrer do longa-metragem, nos dizendo da imersão da personagem no ambiente da família Sharper.

    Ao mesmo tempo em que o figurino sofre pequenas alterações, notamos que a própria mansão ganha e aumenta outros tons, o que também ajuda na história, já que nos indica a chegada do clímax do romance.

    É preciso dizer que a ambientação é de fato o grande destaque do filme, a opção por mais claridade no primeiro ato do filme e por mais sombra no segundo e terceiro ato reforçam a entrada de Edith no mundo sombrio da família, bem como anunciam o perigo que ronda a heroína.

    Claro que de nada adiantaria ter toda essa excelente ambientação, se Guilherme Del Toro não optasse por enquadramentos sugestivos, destacando a grandeza do ambiente e, ao mesmo tempo, a escuridão de seus corredores com pinceladas de claridade.

    Apesar dessas virtudes, parece-me que faltou alguma coisa (ainda lá no primeiro ato) no desenvolvimento da relação amorosa entre Edith e Thomas, o que faz com que não nos incomodemos com o destino que será dado ao casal.

    No entanto, até isso pode ser lido de outra forma, afinal, a mocinha salva a si e ainda salva seu possível salvador da situação de perigo. Quebrando, obviamente, a rotina da princesa e do herói masculino.

    Enfim, para mim, trata-se de um filme bom, principalmente se levarmos em conta o que chega as nossas salas. Não chega a ser excelente, como os filmes que citaste na postagem, mas é uma história que considero no mínimo interessante.

    Abraços!

    Carlos Lira

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