domingo, 4 de outubro de 2015

Perdido em Marte


               Em “Robinson Crusoe em Marte” o roteirista Ib Melchior fez uma adaptação da historia de Daniel Defoe arranjando até um Sexta Feira para acompanhar o astronauta perdido no planeta vermelho. Hoje é o livro de Andy Weir, “The Martian”, quem dá o gancho para a odisseia do terrestre deixado em Marte pelos colegas de expedição terrestre que pensam na sua morte devido a um acidente. Ridley Scott dirige o filme aqui chamado “Perdido em Marte” usando um deserto da Jordânia e estúdios húngaros (claro que com CGI de Hollywood). Não há companhia para o novo Crusoé. Mas ele não chega a conversar com  objetos como a bola de vôlei que o personagem de Tom Hanks usou em “Naufrago”(Cast Away),o filme de Robert Zemeckis. Evidentemente seria um saco se ele permanecesse mudo por duas horas e meia de projeção. Mas não só ele fala o que faz como há comunicação com a Terra. E a rapidez dessa comunicação é uma das muitas licenças ficcionais no trabalho que pretende ser “o mais cientifico possível”(a outra mancada é som no espaço. Só Kubrick em “2001” mostrou um espaço real onde o som não se propaga).

Mas o esforço do ator Matt Damon vale um programa divertido. Engraçado é que a barba dele só cresce nos últimos dias marcianos (e ele diz que se barbeou poucas vezes). Bem, há uma curiosa horta com adubo de fezes do próprio astronauta e cabe aí uma piada critica:”plantou batatas na merda”. Correto.

Outra curiosidade:os chineses ajudam no combustível da nave que irá resgatar o “marciano”. A rapidez com que isso ocorre é como se Marte fosse ali na esquina ou que as naves ganhassem quase a velocidade da luz.

Ridley Scott se dá bem na ficção-cientifica. Seus “Blade Runner” e “Alien” marcaram época e geraram sequencias. Este “Perdido em Marte” com certeza vai ganhar uma. Há uma conversa do “perdido e achado” com candidatos a astronautas como quem diz: “-Voltem lá que eu e o Scott ajudamos”. Dólares os esperam e a prova é que na sua primeira semana nos cinemas norte-americanos o filme chegou a US$50 milhões. No computo mundial deve ter pago os 120 do custo. Não falo de Belém, pois o lançamento aqui foi ridículo: maioria das sessões só à noite e dubladas.

Quem gosta de sci-fi, como eu, não perde. Arrisquei uma terrível versão com falas em português. Mas não me arrependi. Pelo menos não há ets vilões sediados em Marte para invadir a Terra...

3 comentários:

  1. Pedro,

    Com todo respeito, até por que você é o mestre, devo fazer uma ressalva em seu texto.

    De fato soa estranho a questão da barba, parece que deixada crescer apenas para os instantes finais para criar uma dramaticidade que o filme já tem. Também concordo quanto a propagação do som, por mais que todos saibam da ausência de som no espaço, o cinema teima em fazer-se ouvir no espaço.

    Agora, Pedro, discordo de você quanto ao tempo de retorno e permanência em Marte. Na verdade, esse é o ponto forte do filme. A questão da trajetória foi muito bem estudada e tem fortes embasamentos científicos.

    Abraços!

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  2. Uma das criticas do exterior sobre a questão do tempo que leva uma mensagem a outro planeta foi explicita. Seu o sinal viaja à velocidade da luz tome-se a distância entre a Terra e Marte que
    varia segundo o movimento dos planetas ao redor do Sol, de modo que pode chegar a ser de 102 milhões de quilômetros e, a mais curta, de 59 milhões de quilômetros.Compare com a velocidade da luz e veja que vai dar no mínimo 4 minutos. Nunca é instantânea.

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    1. Pedro Veriano,

      Primeiro obrigado pela resposta é um prazer ter um contato com alguém que sabe tanto de cinema e com quem aprendo quando lei tuas críticas.

      Por sinal, uma singela sugestão, acho que se você respondesse mais aos ainda poucos comentários feitos aqui e compartilhasse teus textos via face facebook você teria um blog mais agitado em visita, pois muitos gostam dos teus textos e de cinema.

      Sobre a questão do tempo de mensagem penso ser relativo este aspecto da crítica, pois, na cena em que ele está trabalhando no robô (primeiro contato) fica evidente o delay existente entre as comunicações.

      Penso que, partindo dessa cena, não cabe ficar retornando nisso (tempo de comunicação) o tempo todo no filme, pois a primeira imagem de comunicação mostra isso com clareza.

      Abraços e novamente obrigado por responder.

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