terça-feira, 3 de novembro de 2015

Uma Odisséia no Espaço




               Desde que foi editado eu queria ver “2001,Uma Odisséia no Espaço”(1968). Mas o filme era vendido em 70mm e eu cheguei a ir buscar no aeroporto o gerente sulamericano da Metro que estava de visita ao nosso raquítico mercado cinematográfico. Quando eu falei do filme ele soltou a piada para Adalberto Affonso, representante do grupo Severiano Ribeiro no estado e que também tinha ido receber o visitante: “-Deixe de ser miserável, coloque 70 mm no seu cinema”.Esse conforto técnico nunca passaria pelos  planos do grupo Ribeiro. E só muito tempo depois é que a distribuidora lançou cópias em 35mm. Foi um sonho realizado. E correspondeu plenamente. Stanley Kubrick filmara uma historia de Arthur C. Clarke, cientista ligado aos foguetes espaciais Eu havia lido o conto dele, “A Sentinela”, de onde saiu a idéia do filme. Mas Kubrick foi além. Corajosamente fez um final sem amarras, deixando o astronauta regredido a um feto orbitando a Terra (só depois eu vim a saber que ele detonaria os satélites com bombas nucleares que estavam em orbita e depois de desfeita a radiação baixaria para reinar no novo mundo). Inseriam-se nos acordes de “Assim Falou Zaratustra” de Strauss a Teoria do Super-homem de Nitzsche . E todo esse apelo filosófico sem precisar do cinema-cabeça do estilo Godard. Bastava as cores aleatórias da viagem além de Júpiter, talvez um mergulho num buraco negro como anos mais tarde Christopher Nolan aventou  no seu “Interestelar”.

               “2001” abençoou a ficção-cientifica no cinema. E olhem que em 1968 o homem chegaria a lua pela primeira vez(e nesse julho o filme já estava pronto). Só ficou no ar dos furos a Pan American, falida antes deste século, e o ano que supunha uma base terrestre no satélite natural. Ao contrario, em 2001, para provar a aberração da espécie, explodiu-se as Torres Gêmeas de NY...

               O filme vai ser outra vez apresentado em Belém em sessão de cineclube (copia em bluray). Deve-se o original de cinema em 70mm e Imax. Quem sabe, um dia, chegue até nós. Meu bisneto espera, e ai se pode falar em 2021 quem sabe...

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