segunda-feira, 9 de abril de 2018

O Filho do Brasil 2


A nossa Historia é cheia de contrastes. Durante o governo Castelo Branco, em 1964 surgiu a Lei Nº 4. 897, de 9 de dezembro, que instituía o dia 21 de abril como feriado nacional e Tiradentes como, oficialmente, Patrono da Nação Brasileira. Seria um modo de festejar a independência do país. E naquele tempo os militares passaram a impor comportamentos que cerceavam a liberdade de expressão, prendiam e matavam quem desobedecesse as ordens.
Tiradentes, ou Joaquim José da Silva Xavier, foi o mais humilde dos que se exibiram contra o mando da coroa portuguesa, em especial a “derrama”, método que estipulava o quanto sairia dos bolsos nacionais para a corte de além-mar, medida que o governo mineiro da época, o Marquês de Barbacena, impunha como forma de não cair à quantia que se exportava quando se começou o mando do ouro brasileiro aos lusos.
Havia outros rebeldes, como Claudio Manoel da Costa, Tomas Antonio Gonzaga Inácio de Alvarenga Peixoto, mas Joaquim, o alferes, era o humilde e o que mais gritava contra a o poder local. Nesse tempo aconteceu a traição de Silvério dos Reis, dizendo ao governador que Joaquim planejava mata-lo, e o resultado foi a prisão, o enforcamento, a decapitação (e esquartejamento) do suposto líder (os outros inconfidentes escaparam). Engraçado é que durante a ditadura brasileira do século XX o personagem foi deificado e sua morte deu margem a um feriado nacional (21 de abril).
Em 2018 o bode expiatório é o torneiro mecânico que chegou a governar o país e deixou uma serie de planos que beneficiaram os mais pobres. Lula foi incriminado de muita coisa, até de ter recebido um presente caro e ter, segundo seus algozes, “lavado dinheiro” (não se diz que em seu governo descobriu-se o pré-sal e com isso aumentou a quota da Petrobras, mas se o acusa de roubo na empresa). Não pesa o prestigio internacional que o ex-presidente ganhou a ponto de trazer para o Brasil a Copa do Mundo e Olimpíada no mesmo tempo e ganhar titulo de “doutor honoris-causa” em alguns países quando só tinha o curso primário.
A trajetória de Lula não terminou e no futuro certamente ele vai ser nome de rua e quem sabe outro feriado nacional. É uma rotina a Historia se repetir como a roda gigante da valsa. Engraçado é que na época de sua presidência Lula ganhou um filme com o nome “O Filho do Brasil”. Hoje poderia inspirar uma segunda etapa do que seria mais uma franquia cinematográfica. Também curioso é que o sindicalista  foi preso num mês de abril na época da ditadura militar. O mês de Tiradentes.

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