“Brooklyn”,
um dos oscarizáveis, estreia em Belém. Na minha modesta opinião é um melodrama
muito inferior ao que fazia Douglas Sirk e Delmer Daves. Saorsine Ronan tem a
sua vez e a sua interpretação realmente é boa. Ela faz a garota irlandesa que
se manda para os EUA, especificamente para NY, indo para o Brooklin como a
maioria de seus conterrâneos que buscam chance na América. Sua luta por uma
posição discreta, até no relacionamento amoroso, reflete um comportamento de “moça
direita” da católica Irlanda do tempo em que se viu Maureen O’Hara namorar aos
tapas John Wayne em “Depois do Vendaval”(The Quiet Man). Tudo no filme procede,
até a linguagem. O roteiro do inglês Nick Hornby seguiu o livro bem irlandês de
Colm Tóibin e o diretor John Crowley, premiado na Irlanda, segue linearmente a odisseia
de Eilis, a mocinha recatada que tenta se desinibir nos EUA dos anos 1950. Por
sinal a época dos filmes de Sirk, por sua vez clicados de historias moldadas
muito mais atrás (“Sublime Obsessão”,por exemplo, surgiu nos 1930).
Não vi originalidade no conjunto de “Brooklyn”, mas admirei
a mascara da atriz, a direção de arte que refaz tempo e espaço e acho que a narrativa
foi coerente. Querer mais é possível se a gente lembrar que dramas semelhantes já
retrataram nas telas espécimes mais realistas no confronto com a psicologia de
personagens. Mas para curtir o filme é preciso não ser muito pretensioso. Basta
se levar pela trama.
Ola Pedro,
ResponderExcluirConcordo plenamente com você que não há nada de novo na abordagem do filme, mas gostei do resultado da direção de (classificaria como muito bom) John Crowley.
Penso que ele consegue contar a história através da fotografia (claramente distinta nos três atos do roteiro) e do vestuário do filme.
Por sinal, é muito legal ver como as cores mais alegres vão adentrando Ellis e o verde, que se mantêm, mas perde espaço, vai aprendendo a conviver com as outras cores.
Enfim, Brooklyn pareceu-me um filme redondo e que tem um diretor que sabe muito bem o que deseja contar as pessoas.
Abraços!
Carlos Lira