quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Furyo

                Em Java, no ano de 1942, soldados aliados eram prisioneiros de japoneses e obrigados a seguir uma disciplina rígida no campo onde ficaram destinados a trabalhos forçados. O filme “Merry Christmas Mr Lawrence” ou, como se chamou por aqui “Furyo, Em Nome da Honra”,é dos melhores do cineasta japonês Nagisa Oshima, mais conhecido do grande publico por seu polemico “Império dos Sentidos”(9 semanas no nosso cinema Olympia).
                Conheci Oshima pessoalmente quando acompanhou sua mulher num programa dedicado aos pioneiros da plantação de pimenta do reino em Tomé Açu(Pa). Como filha de um desses pioneiros,a sra,Oshima foi muito simpática ao agradecer ao publico paraense a acolhida ao seu genitor. Nagisa sempre calado recebeu mal a pergunta de uma espectadora sobre “O Império...”, referindo-se à censura no Japão. Levantou-se e saiu da sala. Na antologia sobre cinema mundial ele,representando o seu país, mostrou-se extremamente narcisista, relegando colegas ilustres como Akira Kurosawa e Kaneto Shindo.
                “Furyo” teve coprodução norte-americana e por isso ganhou distribuição internacional e prêmios diversos. O projeto usou dois músicos famosos, David Bowie inglês e Ryuichi Sakamoto japonês. Eles fazem os papéis respectivamente de prisioneiro e carcereiro. Uma constante amostragem de vilolencia palmilha o roteiro até que o personagem inglês seja literalmente sepultado vivo. O coadjuvante interpretado por Tom Conti recebe a frase que deu nome ao filme no original, ou seja, os votos de Feliz Natal desejado pelo japonês já prisoneiro no pós-guerra.
            Filmado em locação, a câmera é objetiva, posicionando-se de acordo com as necessidades tematicas. E os atores brilham. Bowie tem um de seus melhores desempenhos em cinema, ombreando com o seu “O Homem que Caiu na Terra” do conterrâneo dele Nicholas Roeg.
                A lembrança de “A Ponte do Rio Kwai” é inevitável. Mesmo japonês, Oshima pinta seus irmãos de pátria como vilões. Especialmente Takeshi Kitano como o sanguinário sargento Gengo Hara.

                A exibição do filme na Sessão Cult do Cine Libero Luxardo deve-se ao ator e cantor britânico(Bowie) falecido em janeiro deste ano.

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