O nome “mustang”
que é o original deste “Cinco Graças” ora em cartaz por aqui, vem de cavalos recém-domesticados.
No caso seriam as filhas de um casal de classe média-baixa numa vila turca. Na saída
da escola elas brincam com colegas homens em uma praia, tomando banho vestidas.
Mas o fato é escandaloso para a rígida moral vigente. E os pais providenciam
logo casamento para as moças. O roteiro da diretora e atriz Gamze Erguven trata
disso: da porfia paterna pelas bodas “com honra” das 5 virgens. E de como elas
recebem esta proposta, uma delas chegando à tragédia, duas outras fugindo de
casa.
O filme
tem uma linguagem muito simples, direta, e enfatiza o ridículo da postura
cultural assim como prioriza a reação das garotas deixando o espectador “a
torcer” por elas.
Pouco
se sabe do cinema turco. Este exemplar chega via França. Mas até as falas são
em turco e não creio que tenham sido dubladas para o francês quando o filme
andou pelos cinemas da França e foi candidato a muitos prêmios ganhando alguns
inclusive em Cannes.
Uma
sequencia é particularmente emocionante: quando chega à casa da família o
pretendente de uma das moças com todos os seus parentes próximos. A prometida e
sua irmã mais nova não abrem a porta desafiando a ira paterna que pretende
arrombar e agarrar as filhas para que “não façam vergonha” aos familiares de um
futuro marido e genro. Os cortes precisos e a incursão musical imprimem o
suspense desejado.
Critica
a um posicionamento tradicional e ridículo de uma manifestação cultural o filme
certamente vai agradar a todos que o assistirem. Tem gancho comercial e
exemplifica um bom cinema sem mergulhos no indecifrável como carimbo de
genialidade. Gostei de ver.
Pedro,
ResponderExcluirAlém da sequência que trouxeste, há dois momentos que dizem muito sobre o filme. À entrada no túnel, saindo da luz para escuridão e ao final a saída do túnel e o retorno à luz. Estes planos demarcam o filme em perfeição. À chegada do rigor de uma cultura eminentemente masculina e a fuga dela. Belo filme!
Abraços!
Carlos Lira