quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Mustang (5 Graças)

                O nome “mustang” que é o original deste “Cinco Graças” ora em cartaz por aqui, vem de cavalos recém-domesticados. No caso seriam as filhas de um casal de classe média-baixa numa vila turca. Na saída da escola elas brincam com colegas homens em uma praia, tomando banho vestidas. Mas o fato é escandaloso para a rígida moral vigente. E os pais providenciam logo casamento para as moças. O roteiro da diretora e atriz Gamze Erguven trata disso: da porfia paterna pelas bodas “com honra” das 5 virgens. E de como elas recebem esta proposta, uma delas chegando à tragédia, duas outras fugindo de casa.
                O filme tem uma linguagem muito simples, direta, e enfatiza o ridículo da postura cultural assim como prioriza a reação das garotas deixando o espectador “a torcer” por elas.
                Pouco se sabe do cinema turco. Este exemplar chega via França. Mas até as falas são em turco e não creio que tenham sido dubladas para o francês quando o filme andou pelos cinemas da França e foi candidato a muitos prêmios ganhando alguns inclusive em Cannes.
                Uma sequencia é particularmente emocionante: quando chega à casa da família o pretendente de uma das moças com todos os seus parentes próximos. A prometida e sua irmã mais nova não abrem a porta desafiando a ira paterna que pretende arrombar e agarrar as filhas para que “não façam vergonha” aos familiares de um futuro marido e genro. Os cortes precisos e a incursão musical imprimem o suspense desejado.

                Critica a um posicionamento tradicional e ridículo de uma manifestação cultural o filme certamente vai agradar a todos que o assistirem. Tem gancho comercial e exemplifica um bom cinema sem mergulhos no indecifrável como carimbo de genialidade. Gostei de ver.

Um comentário:

  1. Pedro,

    Além da sequência que trouxeste, há dois momentos que dizem muito sobre o filme. À entrada no túnel, saindo da luz para escuridão e ao final a saída do túnel e o retorno à luz. Estes planos demarcam o filme em perfeição. À chegada do rigor de uma cultura eminentemente masculina e a fuga dela. Belo filme!

    Abraços!
    Carlos Lira

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