quarta-feira, 16 de março de 2016

A BRUXA



O roteirista e diretor Robert Eggers, focaliza o que ele mesmo diz nos créditos finais do seu filme “A Bruxa”(The Witch/Canadá.2014 ) que são fatos de uma lenda originária da Nova Inglaterra do século 17. Para esta região selvagem vão ter membros de uma família inglesa extremamente religiosa. Arraigados ao fanatismo pai, mãe, uma filha adulta, um filho adolescente e um casal de gêmeos, procuram subsistir no meio em que precisam lutar para conseguir alimento e um mínimo para suportar a temperatura fria.
Thomasin (Taylor-Joy),a filha mais velha, é focalizada pela primeira vez brincando com o irmão bebê Samuel. Em dado momento, num contra- campo da moça em close,o menino some. Teria sido vitima de um lobo. Mas a gente sabe que não há tempo para que um animal tenha levado o garotinho. É o começo de uma tragédia que envolve toda a família e deixa ver aspectos psicológicos que o roteiro não aprofunda. Exemplo: o adolescente Caleb(Harvey Scrimshaw) encontra na mata uma cabana e dela sai uma jovem sedutora que o beija. Ele também é rotulado de desaparecido e surge um dia depois na casa, despido e doente. A repressão sexual por conta do fundamentalismo é a marca maior. Como Thomasin é sedutora ela seria uma bruxa. E os gêmeos brincam com um bode preto que segue a tradição de figura demoníaca  ajudando no aspecto de terror comum. Esta dualidade temática deve seguir a lenda original mas o roteiro deixa a insatisfação de um parêntese. Mais por conta da maquilagem de Taylor-Joy: bonita e sempre limpa, com cílios retocados, ela não se coaduna com o cenário miserável onde vive
Mas o filme escapa desses desníveis e apresenta uma senhora direção de arte, uma fotogenia que traduz o ambiente(a cor escura, as cortinas pretas demoradas)e uma narrativa lenta, bem colocada no que se quer mostrar apesar de um finale apoteótico onde o cineasta se rende ao terror de rotina.

“A Bruxa” é um filme diferente do usual de um gênero aviltado por muita bobagem. Melhor até do que muitos produtos da Hammer, empresa de Londres que fazia o gênero com assiduidade. Uma surpresa.

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