domingo, 6 de março de 2016

A Rainha do Deserto

                Gertrude Margaret Lowthian Bell, ou simplesmente Gertrude Bell foi a versão feminina de Lawrence da Arábia, o personagem que David Lean levou às novas gerações no seu épico com Peter O’Toole. Um filme sobre a vida da antropóloga inglesa que ajuda a mudar o cenário do império otomano é a base do filme “A Rainha do Deserto”(Queen of Desert), produzido, escrito e dirigido por Werner Herzog.
            Quem conhece o diretor de outros carnavais (e eu o conheci pessoalmente) sabe que ele podia fazer um belo filme desse tema. Mas é por isso mesmo que se decepciona com a rainha interpretada por Nicole Kidman.
            É interessante observar como o método dos grandes estúdios de  Hollywood cativou o alemão que foi uma das pontas de um movimento renovador da cinestetica em sua terra e ganhou o mundo em um cinema antropológico, produzindo documentários ou buscando dramas nos tipos ou situações da Historia. Se a gente revê um “Aguirre” ou mesmo “Fitzcarraldo” espanta-se com Gertrude bem maquilada a desafiar o clima do deserto e preferir estar em closes românticos, deixando-se ver num caso fortuito com um militar conterrâneo(ela, uma inglesa) a quem o pai detesta por ele ser “jogador e devedor inveterado”(papel de James Franco pior do que qualquer mocinho de filme comercial) e que ao se distanciar recebe  a noticia da morte do rapaz tida como acidente.
            Em nenhum momento Kidman lembra uma cientista. Não há nada do aspecto politico das tribos esparsas que os ingleses conseguiram reunir para dominar a Arábia (Lawrence é visto comicamente por Robert Pattinson, o vampiro da série “Crepusculo”) . Outro relacionamento da personagem, desta vez com um oficial casado, também passa ao largo.As legendas de encerramento dizem que ela jamais casou e muito ajudou no trabalho que teria ajudado na queda do jugo otomano. Tudo o que poderia ser dito com imagens. E até se desperdiça imagens locais de beleza fotogênica.

            “Rainha do Deserto”é um filme vazio como um grande plano da região por onde se passa a historia. Herzog, pra gente, disse que jamais se influenciou por cineastas clássicos. “-Nem Griffith?” eu perguntei. “- Nem ele”, respondeu, Vai ver que há outro alemão no cenário, o Alzheimmer...

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