Gertrude Margaret Lowthian Bell, ou simplesmente Gertrude Bell
foi a versão feminina de Lawrence da Arábia, o personagem que David Lean levou
às novas gerações no seu épico com Peter O’Toole. Um filme sobre a vida da antropóloga
inglesa que ajuda a mudar o cenário do império otomano é a base do filme “A
Rainha do Deserto”(Queen of Desert), produzido, escrito e dirigido por Werner
Herzog.
Quem
conhece o diretor de outros carnavais (e eu o conheci pessoalmente) sabe que
ele podia fazer um belo filme desse tema. Mas é por isso mesmo que se
decepciona com a rainha interpretada por Nicole Kidman.
É
interessante observar como o método dos grandes estúdios de Hollywood cativou o alemão que foi uma das
pontas de um movimento renovador da cinestetica em sua terra e ganhou o mundo
em um cinema antropológico, produzindo documentários ou buscando dramas nos
tipos ou situações da Historia. Se a gente revê um “Aguirre” ou mesmo “Fitzcarraldo”
espanta-se com Gertrude bem maquilada a desafiar o clima do deserto e preferir
estar em closes românticos, deixando-se ver num caso fortuito com um militar conterrâneo(ela,
uma inglesa) a quem o pai detesta por ele ser “jogador e devedor inveterado”(papel
de James Franco pior do que qualquer mocinho de filme comercial) e que ao se
distanciar recebe a noticia da morte do
rapaz tida como acidente.
Em
nenhum momento Kidman lembra uma cientista. Não há nada do aspecto politico das
tribos esparsas que os ingleses conseguiram reunir para dominar a Arábia
(Lawrence é visto comicamente por Robert Pattinson, o vampiro da série “Crepusculo”)
. Outro relacionamento da personagem, desta vez com um oficial casado, também passa
ao largo.As legendas de encerramento dizem que ela jamais casou e muito ajudou
no trabalho que teria ajudado na queda do jugo otomano. Tudo o que poderia ser
dito com imagens. E até se desperdiça imagens locais de beleza fotogênica.
“Rainha
do Deserto”é um filme vazio como um grande plano da região por onde se passa a
historia. Herzog, pra gente, disse que jamais se influenciou por cineastas clássicos.
“-Nem Griffith?” eu perguntei. “- Nem ele”, respondeu, Vai ver que há outro
alemão no cenário, o Alzheimmer...
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