Um
verdadeiro milagre este “A Grande Aposta”(The Big Short) chegar aos cinemas
comerciais de Belém. Baseado no livro de Michael Lewis sobre a crise econômica de
2008 que saiu dos EUA para muitos outros países (o nosso escapou por pouco e
penso no que seria se ela se desse dez anos depois) O filme dirigido por Adam
McKay(“Tudo por um Furo”) vai fundo no caso exibindo o vocabulário econômico que
mesmo tentando explicar alguma coisa para os leigos(como uma cena onde uma personagem,
numa banheira, tenta dizer que diabos é CDOs e outros trocados ) torna o
resultado distante do espectador médio, justamente aquele que sofreu a crise,
que perdeu casa e empego, que foi enrolado pelos planos econômicos que saíram da
área de governo e acabaram por ferrar bancos e deixar muita gente na pior. Este
povo não sabia e continua não sabendo qual foi a “aposta” dos economistas. Por
isso vi o recorde de pessoas deixando a sala de projeção antes do filme acabar.
Mas é impossível
deixar de mencionar que o trabalho é prodigioso como cinema, usando uma
linguagem dinâmica, tentando até mesmo fazer rir no bojo de uma tragédia, tudo
com excelente rendimento do elenco e uma senhora edição.
Reconheço
um filme difícil. Mas é a melhor forma de elogiar a democracia norte americana,
revelando podres de cima como o colega “Spotligh” que faz auê com os padres
pedófilos.
Palmas
à exibição.
Pedro,
ResponderExcluirAssisti "A Grande Aposta" e posso dizer tranquilamente que gostei do longa-metragem.
Um filme com uma direção e montagem que provoca, propositalmente, nervosismo na imagem em movimento com a finalidade de enunciar através dela o quanto é nervoso e neurótico o setor financeiro de um país.
Mas o filme não para por aí, ele explora maravilhosamente bem a linguagem do setor, com pequenas sessões explicativas, como forma de gritar nosso desentendimento daquele mundo fechado.
Além disso, o filme conta com atores em excelentes atuações e times que soa cômico e ao mesmo tempo angustiantes, afinal, sabemos o efeito na população da aposta.
Nesse campo de interpretação, é preciso destacar Carrel e Balle (gostei mais do primeiro), eles estão excelentes.
Como nem tudo são flores, penso ser inevitável a comparação entre O Lobo de Scorsese e A Grande Aposta de MacKay. E, quando comparados, penso que o Lobo de Scorsese devora a Grande Aposta, pois, em que pese o Lobo não fazer uma necessária reflexão sobre o sistema, ele, como cinema, tem momentos mais fantásticos e uma inserção mais rica neste mundo complicado, porém que altera nossas vidas.