Falar
em filme de carnaval é lembrar os da Atlântida, empresa fundada por Moacyr
Fenelon e vendida para Severiano Ribeiro Jr que alimentou um gênero de cinema
com musica popular que a critica dos anos 40 chamou de chanchada no afã de
dizer que era besteira.
A
formula era muito simples: uma trama policial bem leve, com bandidos e
mocinhos, entrecortada por marchas e sambas -interpretados por cantores
populares no radio- e que seriam imprescindíveis nas festas e blocos de um
proximo carnaval. As filmagens normalmente eram feitas no segundo semestre de
um ano visando a estreia normalmente em fevereiro. E as tramas exigiam
comediantes. Oscarito e Grande Otelo comandavam na Atlântida. O concorrente,
Herbert Richers, já nos anos 60, atacava de Ankito. E ainda estavam “na reserva”Zé
Trindade e Violeta Ferraz. No time de coadjuvantes Zezé Macedo e Yvon Cury, E como
mocinhas, Eliana Macedo, sobrinha de Watson Macedo um dos primeiros diretores
do gênero na empresa de Ribeiro, e ainda Sonia Mamed, Fada Santoro e Adelaide
Chiozzo.
Eu vivi
o auge da chanchada. Para vê-la, nos primeiros dias de exibição no Olímpia, era
preciso ir cedo para entrar na fila adiante da bilheteria. No colégio tudo que
se via na tela era comentado e imitado. Chanchada era moda. Tudo muito ingênuo como
a vida que se vivia.
A volta de “Aviso aos Navegantes” nos atuais
dias de carnaval e no cinema que lançou o filme em 1951 é um brinde nostálgico.
Recentemente eu vi em casa a chanchada derradeira:”Garotas e Samba”(1957) de
Carlos Manga com Zé Trindade defendendo a parte cômica ao lado de Yvon Cury e
Renata Fronzi(só agora vim a saber que ela morreu em 2008).Ri como antes da
besteirada em tela. Todo o cafona de então estava ali, gerando piadas que a
gente repetia por muitos espaços. E nesse filme e ano havia uma espécie de
despedida da turma do carnaval: todos desfilavam no fim, caminhando para a
objetiva, e acenando como quem diz que vai embora. E foi mesmo. Manga achou de
fazer outro tipo de comédia com “O Homem do Sputnik” e “Entre Mulheres e
Espiões”. Oscarito estava velho e morreu em 1970. A Atlântida foi se esvaindo com
a chegada do “cinema novo”. Era a intelectualização do divertimento popular com o preço da
distancia entre o que se passou a fazer e a cultura popular entendia. Além
disso, o Brasil entrou na rolha ditatorial do golpe de 1964. Surgiu a reação
com a pornochanchada onde o sexo se buscava nos roteiros idiotas moldados em
S.Paulo(note-se que a chanchada ingênua era
carioca).
Creio que não se pode ensinar cinema brasileiro sem conhecer
este nosso carnaval de imagens e som. Uma boa a volta de “...Navegantes”. Era
como se fazia comédia cinematográfica, filha adotiva do teatro de revistas e
dos programas radiofônicos. A avó da TV.
O genero chachada, me encanta embora não tenha vivido, gosto muito principalmente os numeoros musicais
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