Pincei esta frase do critico Paulo
Villaça: “Jornalismo, quando realizado com jota maiúsculo, não só é um
exercício nobre, mas também um instrumento fundamental da democracia – e não é
à toa que uma das primeiras medidas de qualquer ditadura é acabar com a
liberdade de imprensa. Praticar a profissão com o único interesse de servir aos
patrões e permanecer relevante é usá-la não para buscar a verdade, mas como
forma de publicidade pessoal”. Ele coloca a proposito do filme “Spotlight”,
argumento que trata do caso real de jornalistas do Boston Globe, prestigiado
jornal estadunidense, que se omitiram ainda no século passado em denunciar
padres pedófilos nas paroquias locais. Tempos depois o jornal muda de gerencia
e o tema é solicitado levando-se em conta o aumento de abuso sexual em meninos
e meninas por sacerdotes católicos.
A
volta ao assunto reflete não só o crime que aumenta com o tempo como a
falibilidade de uma imprensa comprometida com um tipo de moral(ou o medo de ser
odiada por tratar de assunto tabu).
O
filme dirigido por Tom McCarthy, roteirista do excelente “Up” da PIXAR, é
objetivo, reportando os fatos reais sem limpar a barra de alguns repórteres medrosos.
Também aborda os advogados que apadrinharam os pedófilos e chega à “nomeação”
de um bispo que sai dos EUA para exercer cargo majoritário em Roma.
Isento
de pitadas românticas, “Spotlight”, que no titulo reflete o papel de uma
imprensa policial, empolga, pois satisfaz quem já sabe dos crimes cometidos por
sacerdotes e ocultos pelo medo de se ferir uma autoridade que confundida
erroneamente com a fé.
Duvido
que o filme ganhe Oscar. Pode contrariar alguém, Mas além do tema, com um
tratamento condigno sem ser brilhante, ressalte-se Mark Ruffalo em desempenho
diferente do que costumou apresentar em cinema. Ele já perdeu o Globo de Ouro.
C’estla vie.
Em
tempo: numa sequencia alguém diz que a Igreja Católica deve acabar com o
celibato. Correto. Por certo diminuiria os abusos sexuais dos padres. Afinal
eles lutam contra a natureza de seus corpos. Seriam deuses pelo jejum sexual.
Uma tarefa que certamente não cabe a tantos.
Pedro,
ResponderExcluirAssisti ontem o muito bom Spotlight. De fato não é uma obra-prima, mas trata com responsabilidade o jornalismo investigativo e seu processo de construção de informação.
Penso que McCarthy acerta em vários pontos no filme.
1) Não faz firula na direção e nem cria dramaticidade desnecessária.
2) A opção por uma câmera objetiva nos torna personagem do filme. Dai que vamos coletando provas juntamente com os jornalistas da equipe.
3) Coloca o jornalismo com algo que não é neutro, mas que deve ter a liberdade de atuar na sociedade.
Muito bom filme que deve ser obrigatoriamente conferido pelo cinéfilo mais exigente.
Abraços!
Carlos Lita