“The Hatful Eight”(Os Oito Odiados) gasta
quase 3 horas da vida do espectador diante de uma tela que exibe uma trama
claustrofóbica, ou seja, a ação quase que toda dentro de uma sala. Mas o
roteiro do próprio diretor, Quentin Tarantino, hoje assumido como um dos mais
prestigiados cineastas, tem amplitude considerável. Pode se perceber a historia
da América do Norte a partir da Guerra da Secessão, adentrando pelo preconceito
racial, o relativismo da lei, o sentido de justiça(“Quem usa de paixão não pode
fazer justiça” diz um personagem) e ainda o papel da mulher no quadro violento
dos homens.Eu pensei que Tarantino tivesse usado o termo OK,dito por
alguém,como fora do tempo. Podia ser do modo como é dito no filme por um dos
oito do titulo, mas cochilo mesmo foi "pen pal" que se falou pela
primeira vez em 1938(a ação tem lugar no século XIX). Nos”goofs” observados
pelos detetives da plateia o que mais salta é as marcas da diligencia na neve,
estranhas dentro do cenário. O que dá xeque-mate nessa coisa é o fato de que o
roteiro(do diretor) abraça a gênese teatral(podia ser apresentado num palco) e
consegue ação suficiente para interessar o espectador – e até mesmo dar-lhe a
cota de suspense.
O
segundo filme de longa metragem de Tarantino,”Cães de Aluguel”(Reservoir
Dogs/1962) também se passava entre 4 paredes onde bandidos discutiam o modo de
repartir o roubo. Observando a trajetória desse cineasta que se pode dizer
bastante pessoal, percebe-se bem a sua cultura eminentemente cinematográfica. Funcionário
de uma locadora de vídeo apaixonou-se pelos faroestes europeus e a violência de
gangster tipo James Cagney que via bastante. Quando passou a fazer cinema,
expressou o que gostou de ver nas telas. Apesar de se dizer fã de Hitchcock o
que mais substancia seu trabalho é o artesanato de Sergio Leone. Sempre a
amostragem da violência. E neste “Oito Odiados”,que diz ser seu oitavo filme e
deve rimar com o “8 e Meio” de Fellini em termos numéricos(só isso), dá um
banho de sangue em todas as figuras mostradas. O espectador que conhece o autor
de outros carnavais sabe que a trama só vai acabar quando morrer todo mundo.
Bem, há quem escape. Mas ensanguentado.
Eu
pensei que não fosse aguentar as tantas horas de violência. Mas do meio para o
fim (ou do 3° capitulo em diante, pois a coisa é dividida em capítulos),me
prendi. Afinal tive o que apreciar. Bom roteiro, bons enquadramentos, boa
edição. Todo o arcabouço a serviço do que se pode achar um carnaval barroco.
Certo:
não estou entre os que odeiam Tarantino. Mas respeito quem assim seja. E neste novo filme ele dá
uma senhora dose de faroeste espaguete.
Pedro,
ResponderExcluirParece que começamos bem este ano.
"Os Oito Odiados" é um filme tipicamente de autor e com bela dose de referência a outros filmes (como os citados por você) e mesmo livros (lembrei-me do "Caso dos dez negrinhos" de Agatha Christie).
No aspecto cinematográfico há várias qualidades, entre elas destaco os enquadramentos fechados e a ambientação que ressaltavam a todo momento o clima claustrofóbico do local.
É preciso destacar também as atuações, todas muito boas (isso era muito necessário devido a ambientação do filme), de modo especial as atuações de Samuel e Jenniger Leight.
Muito bom filme que deve ser conferido pelo cinéfilo mais exigente.
Abraços!
Carlos Lita
Pedro,
ResponderExcluirAssisti ontem, no Líbero, o excelente "Olmo e a Gaivota", filme muito interessante enquanto arte e experiência cinematográfica.
Por sinal, é preciso dizer que é um trabalho cuidadoso e extremamente bem executado por Petra Costa e Glob, que optam por fazer um filme (ficcional?) sob um formato de documentário.
Tal opção, nos faz "confundir" o real com o imaginário no primeiro momento do longa. Mas, com o avançar da trama, somos envolvidos pela crise de Olivia. Sendo, muito provavelmente por isso que, nós deixamos, ao longo da película, de nos importamos com real e mergulhamos na angustia claustrofóbica do personagem de Olivia.
Por sinal, as diretoras foram muito felizes ao optar pelo close e supercloser, pois são eles que nos permite ver a transformações de Olívia ao longo da gravidez.
Mais do que isso, são os closes que nos permite ver as inúmeras Olívias existente ao longo da película.
Abraços!
Carlos Lira
Pedro,
ResponderExcluirAssisti ontem, no Líbero, o excelente "Olmo e a Gaivota", filme muito interessante enquanto arte e experiência cinematográfica.
Por sinal, é preciso dizer que é um trabalho cuidadoso e extremamente bem executado por Petra Costa e Glob, que optam por fazer um filme (ficcional?) sob um formato de documentário.
Tal opção nos faz "confundir" o real com o imaginário no primeiro momento do longa. No entanto, com o avançar da trama, somos envolvidos pela crise de Olivia.
Por sinal, é neste momento de cumplicidade com a situação de Olívia que nós deixamos de nos importarmos com real e fantasia, e mergulhamos na angustia claustrofóbica do personagem de Olivia.
Por sinal, as diretoras foram muito felizes ao optar pelo close e supercloser, pois são eles que nos permite ver a transformações de Olívia ao longo da gravidez.
Mais do que isso, são os closes que nos permite ver as inúmeras Olívias existente ao longo da película.
Abraços!
Carlos Lira