domingo, 17 de janeiro de 2016

Solaris


                O polonês Stanislaw Lem(1921-2006) escreveu sobre um planeta aquático que materializava os pensamentos das pessoas que entrassem em sua orbita. Andrei Tarkoviski(1932-1986) fez um filme com roteiro de Fridrikh Gorenshteyn(1932-2002) e dele próprio baseado nesse engenhoso texto. É raro um filme de ficção cientifica se embrenhar num processo filosófico denso como este. Lem não gostou muito. Trakovskli viu mais o homem do que a astronomia. E se o livro for comparado à versão que dele fez o americano Steven Soderbegh em 2002 pode-se avaliar a distancia.
                No belíssimo trabalho de Tarkoviski um astronauta que orbita o planeta Solaris, seguindo colegas que anteriormente estavam na estação espacial, passa a ver e sentir a mulher dele que havia (tragicamente) morrido. Ela revive, morre, revive a cada passo de uma jornada que o astronauta vai conscientizando como o melhor de sua vida. E este melhor ganha um epilogo que expõe a opção do personagem por uma ilha que passa a criar e morar no mundo de água, materializando figuras de sua infância, percebidas pelo espectador que encontra a diferença da realidade no fato de não existir uma brisa a balouçar as matas  assim como um lago próximo. Não importa. Ao abraçar o pai que surge de dentro da casa de infância o filme sintetiza toda a força da memória que revive e se eterniza.
                Um dos mais belos que já se viu em cinema. Uma superprodução da Mosfilm que por não conter ranço de propaganda da URSS deu inicio ao ostracismo do diretor(enfim saído do “paraiso comunista” em busca de seu próprio Solaris, ou Shangri-la, ou Inisfree, ou Utopia, como se queira chamar o mundo interior.
                Há quem diga que “Solaris” é o 2001 russo. Procede. Gosto mais do trabalho de Kubrick mas tenho o de Tarkovski entre os meus preferidos em qualquer época.
                E atenção: o filme estará no Olympia no final deste janeiro 2016. Aproveite.
 

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