Em 26 de fevereiro o meu cinema de casa, o Bandeirante, foi
criado. O ano era 1950 e a hora do nascimento foi aproximadamente 3 da manhã.
Nessa hora eu chegava em casa vindo do Rio com meus pais e meu irmão no
Constelation da Panair do Brasil. Por ser um avião da chamada Frota Bandeirante
e por eu achar que um cineminha caseiro era pioneirismo botei o nome de
Bandeirante. O primeiro filme exibido foi um curta sobre o carnaval carioca
daquele ano produzido por Alexandre Wulfes, sócio do Libero Luxardo no filme
que fez em Mato Grosso(“A Retirada da Laguna”).
Ainda em fevereiro passei a alugar copias 16mm de longa
metragem, primeiro na firma F. Aguiar que representava a RCA Victor(e de tabela
a RKO Radio ). O filme de estreia foi “Um Rival nas Alturas” comedia de Metro
com William Powell e Hedy Lammar, mais tarde soube que fazia parte de uma
franquia com Powell representando um detetive.
O Bandeirante exibiu de tudo. Dos clássicos do Museu de Arte
Moderna aos dramalhões mexicanos da Pel-Mex. Ali eu aprendi cinema na pratica.
E testava a sensibilidade ao tempo em que lia sobre o assunto.
As exibições numa garagem duraram mais de 20 anos. O fim do
Bandeirante foi em 1984 quando eu deixei a casa onde nasci. As ultimas imagens
projetadas foram de meus próprios filmes. Um momento muito triste: já não tinha
meus pais e as famílias minha e de meu
irmão migraram para espaços independentes.
Um dia eu ainda conto a historia do Bandeirante. Não está no
livro de memorias que deve sair ainda este ano, mas até porque é um assunto
vasto, pode ganhar espaço dilatado.
Hoje vejo na minha tela de TV os filmes em DVD & Bluray.
Chamo de Bandeirante 2. A diferença maior é que neste novo canto há poucos
espectadores. De praxe só eu e Luzia. No cinema que se foi era casa cheia de vizinhos
& amigos.
Pedro,
ResponderExcluirTens tantas histórias para contar... A impressão que tenho, não o conheço pessoalmente, que és como uma biblioteca aberta que precisamos cavucar para o novo sempre encontrar.
Parabéns pelo pioneirismo.
Abraços!
Carlos Lira