Dois
filmes estrangeiros candidatos a Oscar ganham pelo que eu vi, dimensões
esquecidas dos que pretendem a categoria majoritária da premiação. O húngaro “Corpo
e Alma”(Testrol el lélekröl) de Ildikó Enyed , vê o romance entre um dos donos
de um açougue e uma inspetora da carne que ele exporta, a partir de dois ângulos:
ele um homem tímido por ter um defeito no braço(sem se saber o que causou) e
ela uma jovem em estado pré-depressivo, e como outro ângulo, em contraponto, um
casal de servos e uma paisagem nevada, de inicio vistos de longe, depois mais
de perto, chegando a detalhes de seus corpos(closes). Tudo com razão de ser. Os
tipos se aproximam com suas peculiaridades e no fim chegam a fazer sexo sem que
as ultimas imagens indiquem um”happy end”tradicional (ela chegou a tentar o suicídio
e depois de aceitar um romance pode amar a vida, sem que se veja expansividade –
como os animais focalizados nos entre planos assumam uma reunião mais
expansivas).
O filme
tem uma narrativa lenta, usa de todos os recursos de imagem pontuando a
luminosidade e cores, a jamais se rende aos recursos tradicionais de “filmes de
amor”.
O outro
titulo a competir na categoria de Oscar é “Desamor”(Loveless/Nelyubov) da Rússia
dirigido por Andrey Zviagintsev. Aqui é um casal se dissolvendo, focalizando-se
uma séria briga de marido e mulher depois da sequencia em que ela mostra a
pretendentes a casa onde mora que é posta em aluguel. Todo o drama familiar é
ouvido pelo filho menor, que se revolta e foge. O desaparecimento do menino não
é logo focalizado. Veem-se os “ex” em outros encontros afetivos, aparentemente
mais felizes com isso. Mas o sumiço do garoto os reúne junto à policia na busca
por muitos espaços.
O
interessante é que não cabe ao roteiro ficar na intriga policial. Interessa os comportamentos
dos pais do desaparecido. E obviamente o mundo em volta. Tanto que a primeira
sequencia mostra o garoto andando pelo cenário nevado onde se vê galhos secos
de arvores altas.Um brinquedo dele chega ficar num desses galhos. A imagem
disso voltará no final mas não é para dizer por onde o menino andou ou está. O
mundo dele é outro e não dos pais beligerantes. Isto é muito claro numa
linguagem aparentemente linear, com ótimos desempenhos dos atores. Um filme bem
feito, com imagens definindo os espaços dramáticos, e de fácil acesso a todos
os públicos embora na superfície.
Boas
escolhas para a festa de fevereiro.
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