O filme
“Les Dimanches de Ville D’Avray” ganhou no Brasil o titulo de “Sempre aos
Domingos”e muitos pensaram que tinha a ver com “Nunca aos Domingos” de Jules
Dassin. Nada disso e o nome têm base. Hardy Kruger faz um piloto obcecado com a
morte de um a menina em um acidente profissional e encontra um pai desesperado
deixando a filha em um orfanato religioso com a promessa de vê-la só aos
domingos. Mas ele sabe que o homem está fugindo de qualquer obrigação e a
menina jamais o verá . Lembrando sempre o seu drama, afeiçoa-se da garota e
passa a busca-la no rigoroso colégio nos dias previstos e com ela manter um relacionamento
paterno. Isto até que uma tragédia se aproxime.
A
menina se chama Cybelle mas as freiras acham o nome feio e mudam para
Françoise. Numa das saídas domingueiras ela conta ao piloto como realmente se
chama. Ele acha o nome muito bonito e ela explica a origem mitológica.
O filme
é um dos poucos do diretor Serge Bourgninon. Emociona sempre. A garota,
Patricia Gozzi nasceu em Paris, em 1950 e fez 7 filmes até 1973. O diretor também
deixou o cinema em 1992 depois de 12 trabalhos inclusive para a TV. Este que
ora se reprisa por aqui é o mais aplaudido. Ganhou o Oscar de filme estrangeiro
em 1964. Passou em Belém nessa época e chamou a atenção da critica, em especial
de Maiolino Miranda, medico psiquiatra e fundador de um cineclube (“Os Neófitos”)
. Maiolino gostou tanto que deu à sua filha o nome Cybelle. Hoje que ele não
mais está entre nos a exibição ganha um tom ainda mais importante. Trata-se de
um raro filme em que a linha melodramática é diluída em excelentes
interpretações, ambientação e cinegrafia corretas, traduzindo com presteza uma
historia em que se poderia perder espaço e tempo numa busca pela psicologia de
personagens ou estudo mais acurado do drama básico que cerca as atitudes do
piloto vivido pelo até então pouco aplaudido Kruger(de “Entrevista com a Morte”,
“Ingênua até Certo Ponto” e uma pequena participação no “Barry Lyndon” de
Stanley Kubrick).
Gozzi,
no filme exalando simpatia em seus 12 anos, marcou um tempo. E ainda tem no
elenco Nicole Courcel a única do grupo que já deixou este mundo(morreu aos 84
anos em 2016 depois de fazer 70 filmes , entre eles “O Testamento de Orfeu”de
Jean Cocteau e “ Noite dos Generais” de Anatole Litvak).
Uma
revisão oportuna não só pela qualidade do filme, mas por lembrar o nosso
Maiolino, um cinéfilo autentico.
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