terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Sempre aos Domingos

                O filme “Les Dimanches de Ville D’Avray” ganhou no Brasil o titulo de “Sempre aos Domingos”e muitos pensaram que tinha a ver com “Nunca aos Domingos” de Jules Dassin. Nada disso e o nome têm base. Hardy Kruger faz um piloto obcecado com a morte de um a menina em um acidente profissional e encontra um pai desesperado deixando a filha em um orfanato religioso com a promessa de vê-la só aos domingos. Mas ele sabe que o homem está fugindo de qualquer obrigação e a menina jamais o verá . Lembrando sempre o seu drama, afeiçoa-se da garota e passa a busca-la no rigoroso colégio nos dias previstos e com ela manter um relacionamento paterno. Isto até que uma tragédia se aproxime.
                A menina se chama Cybelle mas as freiras acham o nome feio e mudam para Françoise. Numa das saídas domingueiras ela conta ao piloto como realmente se chama. Ele acha o nome muito bonito e ela explica a origem mitológica.
                O filme é um dos poucos do diretor Serge Bourgninon. Emociona sempre. A garota, Patricia Gozzi nasceu em Paris, em 1950 e fez 7 filmes até 1973. O diretor também deixou o cinema em 1992 depois de 12 trabalhos inclusive para a TV. Este que ora se reprisa por aqui é o mais aplaudido. Ganhou o Oscar de filme estrangeiro em 1964. Passou em Belém nessa época e chamou a atenção da critica, em especial de Maiolino Miranda, medico psiquiatra e fundador de um cineclube (“Os Neófitos”) . Maiolino gostou tanto que deu à sua filha o nome Cybelle. Hoje que ele não mais está entre nos a exibição ganha um tom ainda mais importante. Trata-se de um raro filme em que a linha melodramática é diluída em excelentes interpretações, ambientação e cinegrafia corretas, traduzindo com presteza uma historia em que se poderia perder espaço e tempo numa busca pela psicologia de personagens ou estudo mais acurado do drama básico que cerca as atitudes do piloto vivido pelo até então pouco aplaudido Kruger(de “Entrevista com a Morte”, “Ingênua até Certo Ponto” e uma pequena participação no “Barry Lyndon” de Stanley Kubrick).
                Gozzi, no filme exalando simpatia em seus 12 anos, marcou um tempo. E ainda tem no elenco Nicole Courcel a única do grupo que já deixou este mundo(morreu aos 84 anos em 2016 depois de fazer 70 filmes , entre eles “O Testamento de Orfeu”de Jean Cocteau e “ Noite dos Generais” de Anatole Litvak).

                Uma revisão oportuna não só pela qualidade do filme, mas por lembrar o nosso Maiolino, um cinéfilo autentico.

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