domingo, 10 de abril de 2016

James White




 "James White”é o primeiro longa metragem de Josh Monde. O filme ganha o nome do personagem por se limitar a ele. Na técnica fotográfica(de Mátyás Erdély)que lembra o recente”O Filho de Saul”,a câmera foca o ator Christopher Abbot em primeiro plano (não chega a ser close-up) e segue com ele ruas afora, adentrando em boates, seguindo em salas diversas e ganhando força nos espaços por onde vai parar sua mãe doente de câncer.
O roteiro do próprio diretor evidencia a morte. Primeiro a do pai com  quem James não mantinha intimidade e estava separado da mãe(Cynthia Nixon, excelente), ele casado em segunda nupcia com uma oriental. Quando este homem morre ele acompanha a mãe que mora só em um pequeno apartamento. Sem emprego, James mantem amizade com o negro Nick(Scott Mescudi) e uma jovem com quem tenta manter um romance mas a doença da mãe o afasta.
O lento processo de deterioração da saúde materna leva James a um esforço que lhe revela um filho devotado ao extremo. O amor materno seria a sua razão de vida. E o enfoque de primeira pessoa define e acompanha isto. Nos planos de inicio e de fim resta as suas expressões, um trabalho difícil para o ator e certamente um caminho para o filme se desviar do melodrama, valendo como uma invasão de privacidade, a cara de quem é afinal o objetivo de se filmar.
O quase-close não chega a ser o único modo de se ver o filme. Há desvios da objetiva para acontecimentos em torno, mas sempre com a razão do personagem. Não é à toa que o autor chamou seu trabalho pelo nome de seu herói. Um exemplo de cinema intimista (ou introspectivo) de forma explicita, sem a correlação que um Antonioni, por exemplo, fazia do tipo com a vida que ele levava.
Claro que “James White” não vai chegar às nossas salas comerciais. Mas o pessoal que programa o alternativo deve anotar. É o cinema americano independente e forte. De aplaudir.


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