segunda-feira, 25 de abril de 2016

Que Morra o Mau Cinema!

                Sergei Eisenstein(1898-1948) foi o cineasta que melhor propagou as ideias dos revolucionários de 1917 na Rússia(ou a criação do Estado Soviético). Seu “O Encouraçado Potenkim” mostrou o poder da montagem, fazendo com que um filme mudo parecesse ter som. No inicio dos aos 1940, quando já não contentava o mandatário e tiranico Stalin, tentou Hollywood a convite da Paramount mas o estúdio não aceitou seus planos inovadores e ele foi para o México tentar fazer um longa-metragem que partisse da revolução de lá. O filme mexicano não deu certo e hoje o inglês Peter Greenway brinca com isso no seu “Que Viva Eisenstein1 Dez Dias que Abalaram o México”(Eisenstein in Guanajuato/UK, 2015) ora programado aqui para uma sala especial.
                Eisenstein é interpretado por Elmer Bäck, ator finlandês que antes só fizera curta-metragem. Parecido fisicamente com o diretor russo, assume uma posição gaiata, assessorado pelo mexicano Palomino (Luis Alberti). No filme Eisenstein teria descoberto a sua homossexualidade com este colega e deixa uma sequencia inteira do coito anal com um comentário detalhado sobre o fato.
                 A mim o filme pareceu um desrespeito à memória de Eisenstein. E a linguagem de Greenaway nunca foi simpática a meu gosto. Ele disse uma vez que “continuidade é chatice”(em termos de narrativa cinematográfica). Mas neste “Que Viva Eisenstein”(pois o nome do filme do russo seria “Que Viva México”) ele trata o assunto linearmente. O diretor que entrou para a historia de sua arte como um inovador passa por um palhaço perdido que se satisfaz com um o que se passa no hotel onde fica hospedado, e Peter Greenway vê no fato uma critica, ampliando o desrespeito ao homossexualismo em tese, usando isso como adendo ao fracasso da filmagem, ao caráter instável do autor de tantas obras-primas mesmo guinadas à propaganda (a exceção foi “Ivan o Terrível” que afinal desagradou Stalin e com isso tirou Eisenstein do quadro de “verdadeiros comunistas”(sic).

                O filme é nauseante e me espanto que chegue aqui enquanto tantas obras de qualidade permaneçam no limbo. Gostaria de saber a reação da plateia, mas ando me poupando de cinema ruim.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário