Sergei
Eisenstein(1898-1948) foi o cineasta que melhor propagou as ideias dos revolucionários
de 1917 na Rússia(ou a criação do Estado Soviético). Seu “O Encouraçado Potenkim”
mostrou o poder da montagem, fazendo com que um filme mudo parecesse ter som.
No inicio dos aos 1940, quando já não contentava o mandatário e tiranico
Stalin, tentou Hollywood a convite da Paramount mas o estúdio não aceitou seus
planos inovadores e ele foi para o México tentar fazer um longa-metragem que
partisse da revolução de lá. O filme mexicano não deu certo e hoje o inglês
Peter Greenway brinca com isso no seu “Que Viva Eisenstein1 Dez Dias que
Abalaram o México”(Eisenstein in Guanajuato/UK, 2015) ora programado aqui para
uma sala especial.
Eisenstein
é interpretado por Elmer Bäck, ator finlandês que antes só fizera
curta-metragem. Parecido fisicamente com o diretor russo, assume uma posição
gaiata, assessorado pelo mexicano Palomino (Luis Alberti). No filme Eisenstein
teria descoberto a sua homossexualidade com este colega e deixa uma sequencia
inteira do coito anal com um comentário detalhado sobre o fato.
A mim o filme pareceu um desrespeito à memória
de Eisenstein. E a linguagem de Greenaway nunca foi simpática a meu gosto. Ele
disse uma vez que “continuidade é chatice”(em termos de narrativa cinematográfica).
Mas neste “Que Viva Eisenstein”(pois o nome do filme do russo seria “Que Viva México”)
ele trata o assunto linearmente. O diretor que entrou para a historia de sua
arte como um inovador passa por um palhaço perdido que se satisfaz com um o que
se passa no hotel onde fica hospedado, e Peter Greenway vê no fato uma critica,
ampliando o desrespeito ao homossexualismo em tese, usando isso como adendo ao
fracasso da filmagem, ao caráter instável do autor de tantas obras-primas mesmo
guinadas à propaganda (a exceção foi “Ivan o Terrível” que afinal desagradou
Stalin e com isso tirou Eisenstein do quadro de “verdadeiros comunistas”(sic).
O filme
é nauseante e me espanto que chegue aqui enquanto tantas obras de qualidade permaneçam
no limbo. Gostaria de saber a reação da plateia, mas ando me poupando de cinema
ruim.
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