quinta-feira, 7 de abril de 2016

O FILHO DE SAUL

Saul Aslander sendo interpretado por  Géza Rohrig 

Quando eu comecei a filmar em película de 16mm, procurava usar o diafragma da filmadora com a abertura ff-11 seguindo a luz do sol que dava o foco em profundidade. Era difícil focar em interior, sem usar spot estratégico, conseguir o que se chama profundidade de campo alternada com planos próximos. Isto é o primeiro triunfo do filme “O Filho de Saul”, estreia do diretor húngaro Lászlo Nemes. Triunfo de seu diretor de fotografia Mátyás Erdély. Por este processo de individualização do foco o filme abre com a imagem sem definição de uma floresta e ganhando nitidez quando o personagem desejado chega para perto da objetiva. Desse modo se diz de onde se trata e de quem se vai tratar.
O roteiro segue o judeu Saul Aslander que está num campo de concentração nazista em 1942 e é encarregado, com poucos mais presos, de limpar o lugar onde as pessoas são mortas. Nessa tarefa ele acha o cadáver de um menino que assume como um filho e procura um rabino para enterrá-lo com a prece que sua religião exige.
Toda a narrativa segue o ator Géza Rohrig em plano próximo, close ou médios enfoques. Sai com ele pelos caminhos estreitos do presidio e pelos arredores. No fundo estão os despidos para ir morrer na câmara de gás ou fuzilamento, ouvem-se gritos, há falas indecifráveis que exprimem terror. Isso vai até que Saul tente escapar e o que vê é um símbolo de sua busca por uma liberdade utópica.

O filme chega carregado de prêmios. A maioria dada ao fotografo e ao diretor. Ganhou também o Oscar de filme estrangeiro. A meu ver tudo merecido. Não é deleite nem deve satisfazer quem quer um cinema mais ameno – ou mais denso num sentido de conteúdo. Mas emociona a ponto de se querer aplaudir. Ainda bem que chegou a uma sala de Belém (Libero Luxardo). Olhem. 

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