Saul Aslander sendo interpretado por Géza Rohrig
Quando eu
comecei a filmar em película de 16mm, procurava usar o diafragma da filmadora
com a abertura ff-11 seguindo a luz do sol que dava o foco em profundidade. Era
difícil focar em interior, sem usar spot estratégico, conseguir o que se chama
profundidade de campo alternada com planos próximos. Isto é o primeiro triunfo
do filme “O Filho de Saul”, estreia do diretor húngaro Lászlo Nemes. Triunfo de
seu diretor de fotografia Mátyás Erdély. Por este processo de individualização
do foco o filme abre com a imagem sem definição de uma floresta e ganhando
nitidez quando o personagem desejado chega para perto da objetiva. Desse modo
se diz de onde se trata e de quem se vai tratar.
O roteiro
segue o judeu Saul Aslander que está num campo de concentração nazista em 1942
e é encarregado, com poucos mais presos, de limpar o lugar onde as pessoas são
mortas. Nessa tarefa ele acha o cadáver de um menino que assume como um filho e
procura um rabino para enterrá-lo com a prece que sua religião exige.
Toda a
narrativa segue o ator Géza Rohrig em plano próximo, close ou médios enfoques.
Sai com ele pelos caminhos estreitos do presidio e pelos arredores. No fundo
estão os despidos para ir morrer na câmara de gás ou fuzilamento, ouvem-se
gritos, há falas indecifráveis que exprimem terror. Isso vai até que Saul tente
escapar e o que vê é um símbolo de sua busca por uma liberdade utópica.
O filme
chega carregado de prêmios. A maioria dada ao fotografo e ao diretor. Ganhou
também o Oscar de filme estrangeiro. A meu ver tudo merecido. Não é deleite nem
deve satisfazer quem quer um cinema mais ameno – ou mais denso num sentido de
conteúdo. Mas emociona a ponto de se querer aplaudir. Ainda bem que chegou a
uma sala de Belém (Libero Luxardo). Olhem.
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